14 de março de 2013

Análise e entrevista: a representação da juventude no cinema hollywoodiano

"Imagine um jovem. Um jovem brasileiro, estudante, totalmente integrado com as novidades culturais, sempre acompanhado de muitos amigos, principal mediador de novas crenças e hábitos dentro de seu grupo familiar, uma pessoa que olha para o mundo em que vive de um jeito crítico e provocador. A grande maioria de nós, certamente, consegue construir esta imagem com muita facilidade, já que é assim, de certa forma, que concebemos a juventude. É fácil, é familiar, porque todos já fomos jovens um dia, se ainda não o somos. Agora, experimente contextualizar este mesmo jovem em momentos diferentes, nos anos 1970, nos anos 1980, nos anos 2000. Será que podemos falar de uma juventude? Mais ainda: é possível atribuir a estas juventudes o mesmo valor simbólico? Para compreender a juventude, é preciso que ela seja contextualizada e textualizada." 
(PEREIRA; ROCHA; PEREIRA, 2009, p. 5).

Segundo sociólogos, atualmente o mundo vive grandes mudanças e transformações, principalmente em âmbito social, mercadológico e educacional. A miscigenação de culturas não é mais oculta como nos anos 50. Vivemos hoje a "Era das Juventudes”, de diferentes classes sociais e econômicas, crenças culturais e personalidades.


Cena do filme "Aos Treze", após uma das protagonistas usar drogas (Crack) 
Mas, afinal, como o cinema retrata a vida e o cotidiano da juventude? Tomemos como exemplo alguns filmes clássicos norte-americanos.
O filme "Juventude Transviada" (Nicholas Ray, 1955) mostra a história de um jovem norte-americano que toma rumos errados na vida e por consequência, seus pais o acobertam mudando de cidade a cada ação inadequada do rapaz. Além disso há também um romance na trama.

Já nos anos 2000 temos o clássico "Aos treze" (Catherine Hardwicke, 2003), que conta a vida de uma garota de 13 anos que sofre grande crise, abordando temas intensos como relações sexuais entre adolescentes, o uso de substâncias ilícitas, infrações, agressões e automutilação.

Atualmente temos o filme Projeto X (Nima Nourizadeh, 2012) que mostra três alunos do último ano do colegial tentando deixar o anonimato. A festa que eles fazem com o intuito de comemorar o aniversário de Thomas, acaba tomando proporções extremas e se torna a melhor festa do ano. 

Os filmes citados mostram uma juventude padronizada, importada de um modelo da indústria cultural: busca da independência, da libido e de atitudes inconsequentes.
James Dean, o ator era considerado um ícone cultural  

Expressio Motus Produções entrevistou ao cineasta e supervisor do curso de cinema do Centro Europeu, Fernando Severo, aonde ele cita os moldes e padrões que a juventude é representada no cinema, principalmente o hollywoodiano.

Expressio Motus: Como a juventude geralmente é retratada no cinema? Os estereótipos envolvendo uma determinada cultura juvenil são frequentes?

Fernando Severo: Com raras exceções, o cinema trabalha há décadas com estereótipos sobre o conceito de juventude, atualizando a temática de acordo com as tendências comportamentais de cada época. Conflitos geracionais, angústias existenciais, confusões amorosas e o espírito aventureiro juvenil recebem novas roupagens mas na essência são representados da mesma maneira.

E. M: A juventude "copia" seus astros e estrelas cinematográficos?

Fernando: Esse é um período de afirmação perante a sociedade e desejo de diferenciação em relação às gerações anteriores, por isso ídolos representativos desses comportamentos tendem a ser idolatrados.


E. M: Para a maioria do cinema, existe um "padrão" de juventude? Qual é esse padrão?


Fernando: O padrão de representação da juventude mais comum no cinema une inexperiência, irresponsabilidade, inquietação e inconformismo.



Cena do filme "Projeto X", este foi o primeiro filme de longa-metragem do diretor Nima Nourizadeh

Produção: Expressio Motus Produções
Texto: Rafaela Bez
Edição: Leticia Duarte
Imagens: Reprodução

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